Efeitos negativos e positivos
Em 2009, dois estudos recentes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostraram que as telenovelas apresentadas nos últimos 40 anos vêm moldando as famílias em aspectos como número de filhos e divórcios. A análise de 115 novelas transmitidas pela Rede Globo, nos horários das 19 e 20 horas, constatou famílias com menos filhos, comportamento reproduzido no cotidiano social. A emancipação feminina mostrada, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, incentivou a independência, repercutindo no número de divórcios.Os personagens televisivos influenciam o comportamento das pessoas em seu círculo social. O deslumbre causado pela mídia repercute na sociedade, onde situações que antes não eram assimiladas pela maioria passam a ser aceitas. Esse fato pode resultar em efeitos negativos e também positivos. Um dos efeitos negativos é a generalização, na qual, por exemplo, a imagem da mulher, representada de forma incorreta, principalmente em programas de humor, como alguém sem capacidade intelectual, é indicada como engraçada. Os aspectos positivos estão na grande quantidade de informações diferenciadas veiculadas, visto que permite ao público conhecer novos locais, culturas e novidades sem sair de casa.
Devem ser projetadas soluções coletivas
As telenovelas brasileiras não estão apenas influenciando e causando polêmica no Brasil. Em Angola, por exemplo, são os programas de maior sucesso. O comércio também é influenciado, levando centenas de vendedoras informais angolanas a atravessarem o Atlântico e desembarcarem em São Paulo à procura de mercadorias para revenda em seu país. Para as mulheres de Angola, as novelas brasileiras são referência sobre o que vestir. Os audiovisuais mostrados influenciam diretamente as populações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Palop) pelas características específicas de uso do português entre os povos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.O adequado aproveitamento das informações pode depender do telespectador, analisando-as e selecionando-as em busca de resultados positivos. Já quanto às crianças, os pais têm obrigação de apontar limites, visando à sua melhor formação. Há conteúdo apelativo, mas também existe o alternativo de qualidade. O telespectador adulto, mesmo não podendo criar o material, possui o poder de mudar de canal. A questão é que este é um recurso individual e devem ser projetadas soluções coletivas, que não só imponham obrigações sociais aos operadores privados, mas construam saídas que conjuguem serviço público e diversidade.
Trecho retirado:
http://mandioca.wordpress.com/2011/02/25/midia-televisiva-moldando-familias-comportamentos-e-influencia/
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